domingo, 29 de março de 2009

Ao Meu Pequeno Príncipe

Enquanto suas pernas batiam por birra
Eu lembrava de quando habitava meu ventre
E seus movimentos eram uma mistura
da dor pelo seu esticar com a alegria de saber
que estava vivo dentro de mim

Enquanto suas lágrimas caíam por manha
Eu lembrava de quando eu tinha de adivinhar
Pois elas eram seu único meio de me avisar

Por um tempo eu fui seu único referencial
de afeto, morada, proteção e amor
Tenho mesmo de ser como um carvalho
como uma âncora ou sua corrente
Pra aguentar seus ímpetos de criança voraz

Suas lágrimas por saudades
só se calam em troca de desejo
por outro mimo passageiro
E por isso brotam as minhas

Há tanto que você é servido
E em teu querer é provido
Dos favores aos manjares
Dos necessários aos confortos
Dos principais aos fúteis

Enquanto se surpreende, cala o choro.Subitamente...
Não por reaver o perdido, não por avistar o querido
Não por trocar instantaneamente de desejo
este nunca parece ser satisfeito.

Sempre ha algo a querer...Sem medidas, sem limites
Cem metros depois de começados meus esforços
Tendo que contê-lo em sua força
Sendo corrente e carvalho, por ser necessário
e ainda pronta a oferecer consolos de amor

Enquanto seu dedo aponta, eu conto quantos desejos
ainda terão de ser satisfeitos e quantos foram...
Quantas moedas ainda existem nos meus dias
E quantos bichos silvestres
ainda trocarei por seus tesouros sem fim?

Enquanto seu dedo aponta, suas lágrimas param de rolar
rolam as minhas...mesmo secas.Me dou conta:
Por seu bem, eu é quem devo mudar.

04/03/2009

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