quinta-feira, 26 de março de 2009

Anjos Perdidos

Me entristeço pelas crianças
aquelas que não tem pais, pão e lar
não conhecem o sentido do amor
só conhecem o perigo
o frio, o choro e a morte
são entregues a própria sorte
seres tão pequenos e indefesos
que sequer desejaram nascer
vêem a vida em preto e branco
dói em mim ver a realidade dos pequenos
saber que sua pele fina não sente o abraço
o calor do colo e o longo afago maternal
não conhecem o prazer do açúcar
conhecem outro pó branco
não se calçam, mal tem o que vestir
as brincadeiras são malabarismos
correr no sinal recolhendo balas
ou esguichar água e sabão nos vidros
pequenos, gerados pela indústria
que demanda maior mão de obra
de exploradores da propria carne
filhos de pai e mãe
Descaso e Irresponsabilidade
crescem na escola da mendicância

Outros, tem a sorte de nascer com lar
mas também sofro por eles
têm a suposta segurança da família
encontram o nome do pai
mamam nos seios da mãe
deitam-se em berço
sofro porque são escondidos
porque são desprotegidos
seus sofrimentos não são conhecidos
conhecem desde cedo o estopor
presenciam desequilíbrios
vivem na fumaça tóxica
crianças que não conhecem a paz
têm um nível de realidade deturpada
ainda que se abstraiam pela tenra idade
são pequenos, gritos são dialetos
desequilíbrios esgarçam a família
há um zig zag na presença paternal
fumaça tóxica...
incenso deturpador da consciência
imerge o bebê em um pântano

Não é Deus quem escreve por linhas tortas
ele dá as tintas...
nós é quem temos de treinar o traçado.

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