terça-feira, 28 de abril de 2009

Jardins da Paz (ou Poema Botânico)

Ainda há de chegar.
Mansamente,eu sei.
Há de chegar aos jardins da paz
onde brotarão hibiscos brancos
brandos de ternura
em folhagens lânguidas e prematuras
e nelas eu verei seu rosto
de cariátide feita com formosura.
Ainda há de chegar
o dia em que as coroas de cristo
serão pelo Jardineiro aparadas
e todas as mágoas afogadas
assim,todas as feridas,saradas
Ainda há de sentir novamente
toda a sutileza da pequena begônia
que de seu tamanho não se envergonha
e floresce quieta e singela
úmida na sombra.
Ainda há de se despir
dos sentimentos de todos os rubores
mesmo das rosas rubras
de antigos amores
ou de beijos de dissabores
passarão todas as dores.
Ainda há de se vestir
com a alegria das alamandas
que não se apressam em surgir
para logo fenecer.
Porém vêm em grande comitiva
e permanecem por longos tempos.
Por fim,
Ainda há de se enfeitar
com o veludo róseo das muzaendas
que chegam em cachos de paixão
e não fosse pela natureza,
dada a hora de todos os seres viventes
pelo frio do inverno,
de sua beleza
não se despediriam

ESPERANDO NASCER DE NOVO

Faz poesia,
nascer dela a bondade
traz de volta a magia
e palavras de carinho
corte fora os espinhos
da rosa que só quer perfumar.
Faz Poesia,
brotar o anseio
nesse coração que só sente
por ser poeta
e por isso vive de procurar
algum sentido nessa vida
algum amor na existencia
ou ambos ao contrário
pois a cada dia é persistência
Faz poesia,
surgir das cinzas como lenda
quem sabe...
um amor que se costura
que se remenda
que não se importa de existir
e por isto tentar e sentir e sofrer
para não mais se esquecer
que o sentido de viver
está no futuro
e na tarefa a cumprir
Faz poesia,
nascer novamente a alegria
traz pra ela
a esperança da alvorada
pra essa mulher que anda calada
nos dilemas enclausurada
e na falta de perspectivas,exilada.

Sem Palavras

Não te peço, meu amor
que me traga alguem do além
a fim de terminar o escrito
nem que me dê filhos a mais
pois já me deu um precioso
e já estanquei no querer.

Não te peço, meu amor
que traga quem me adorne
e cante para mim
ou os que de mimos me cubram
ou de palavras e intenções
que não se cumpram

Pois de tudo que já tive
Peço, meu amor
que me dê paz
e me traga a ti mesmo de volta.

Mentirinhas (ou Lembranças de um passado bem verdadeiro)

Acorda cedíssimo,pula de frio
Vê que o dia ainda não chegou.
Testa frisada,lamenta o relógio
e cada gota de sereno nos vidros
das janelas.
Preparo do banho quente
Sorte tua,fumegante.
Pinturas,perfumes,saltos altos.
Mulher elegante...
Corre-corre para o transporte
"Bom dia"amplamente feliz
e entregue
ao longo do corredor de vidro
onde andar é avaliado por olhares
como se passarela fôsse,
alegrando a vida de uns
e iniciando o expediente da inveja de outras.
Muitas atividades a dar conta
outros tantos telefonemas
ser ágil é habilidade
ser responsável já é a recompensa.
Hora do almoço,saladinha...tédio
Se der tempo,manicure
se não der, remédio...
Corre-corre a outro endereço
sorte enquanto só precisa do elevador
com tamanha correria, amigo
O dia todo café companheiro
Seis horas da tarde! Corre moça...
Pilhas de livros pra horror da atendente
Coitada da bibliotecária
Montanhas de papéis e pesquisas.
Escutar os mestres quando não é insano,
é cativante...
Lá pelas nove, o jantar é sanduíche
com refrigerante
Vamos! Força! Às onze ainda estará viva
Pulsante por causa da cafeína?
Ou por saudades do amante?
Por sorte não perde o Gávea
e mesmo lotado agradece pelo retorno
pra casa
Quando não há o urgentíssimo para o dia seguinte
Poderá crer que haverá o banho relaxante
a cama fria,mas amiga e macia
e seis horas para um novo dia.

No Aguardo da Paz

Uma semana, quem sabe dez dias.
Meu novo lar me aguarda
E com ele findam algumas mazelas...
Quem sabe lá
terei de volta meu restauro
solidão que comigo habita
agradável companheira
Nada inconveniente
tampouco torturante
sua paz me conforta
seu silêncio
quando preciso,me exorta.
Prefiro os grilos às araras.

Alegrias Infantis

Pára...
Verifica que há muito mais
simplicidade do que demanda
mais prazeres que encomendas.
Lacunas podem ser preenchidas
fácilmente com sorrisos e rabiscos.
Não há complexidades astronômicas
ou mesmo algébricas
para produzir o infantil contentameno.

O TEMPO

Silêncio torna-se momento,
ânsia em pensamento
ânima em não contentamento
e vontades em ponteiros
de relógio já paralisado
ou vagões de um trem descarrilado.
Calendário de folhas esvoaçadas
e de muitas horas já passadas
O hálito não guarda ares férteis
de libélulas que sobrevoaram sonhos.
É um acometimento insano
desbravar caminhos antes abertos
achando que encontrará óbvios
por onde se trilhou incertos.
Nem pela força,nem pelos favores
colarão selos de afeto
e brotarão espécies nascidas de amores.
Não há receita prescrita
nem poção,nem unguento.
Talvez a voz mais sábia diria:
Talvez, só o tempo.

MEU FILHO

http://www.youtube.com/watch?v=pNlmn7vbXBQ


Meninices
risos amplos
cabelos soltos
loucos ao vento
mostram todo contentamento
Pés de moleque
saliente ao saltar.
Ele é suficiente ao pensar
brilhante em suas conclusões
e contas ávidas por olhar.

Energia indissipável
mesmo com suas peraltices,
folguedos,foguetes e guerrinhas.
Sublima o significado convencional de paz.
Ainda assim...
É nascido e sempre anjo.




segunda-feira, 27 de abril de 2009

Arames Farpados e Explicados

Apesar da chuva que cai torrencialmente,
que me molha com fúria e traz consigo
o vento que arrasta e arrepia a pele...

Apesar das crueldades dos chibatadores
que puxam os tapetes e se comportam
como ratos egoístas...

Apesar dos que vêm e vão...

Apesar dos que vestem a parelha dos cavalos
que quando não cega, limita a perspectiva
limitando assim também a vida de outros.

Apesar das crianças que gritam e brincam
que correm levantando a poeira do chão
e bagunçam e depois se vão...

Apesar da ausência da tutoria
da falta de tempo, mente e técnica
Ela continua,assim,mesmo fraca.

Apesar do medo,do frio e da maldade
das resultantes da resistência
e do receio da própria razão...

Eu vencerei.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aos meus amigos:

That´s What Friends Are For...

Eu não preciso citar seus nomes,vocês sabem quem são.
E eu agradeço por serem parte de minha vida principalmente neste momento.
Minha homenagem a vocês nessa música e minha gratidão futura.




E eu nunca pensei que fosse me sentir dessa maneira
E até onde eu sei
Estou feliz de ter a chance de dizer
Que eu acredito que te amo
E se algum dia eu for embora
Bem, então feche os seus olhos e
Tente sentir como nos sentimos hoje
E então se você conseguir se lembrar
Continue sorrindo, continue brilhando
Sabendo que você pode sempre contar comigo
É para isso que servem os amigos
Nos bons e maus tempos
Eu estarei ao seu lado sempre
É para isso que servem os amigos
Bem, você veio me amar
E agora, eu vejo muito mais
E por isso, eu lhe agradeço
Oh, e quando chegar o tempo em que estivermos separados
Bem, então feche os olhos e saiba
As palavras que estão saindo do meu coração
E então se você conseguir lembrar
Continue sorrindo, continue brilhando
Sabendo que você pode sempre contar comigo
É para isso que servem os amigos
Nos bons e maus tempos
Eu estarei ao seu lado sempre
É para isso que servem os amigos
Continue sorrindo, continue brilhando
Sabendo que você pode sempre contar comigo
É para isso que servem os amigos
Nos bons e maus tempos
Eu estarei ao seu lado sempre
É para isso que servem os amigos
É para isso que servem os amigos

Até Quando?

http://www.youtube.com/watch?v=Mn13LjYPbcc&feature=related


Até quando picarão a mata?

Cavarão buracos até as pedras

e dinamitarão as rochas...

Até quando?

Até quando escarificarão as chagas?

desenrolarão as múmias

e desenterrarão os mortos...

Até quando?

Até quando desalinizarão todos os mares?

Separarão todos os ramos de todos os trigos

e esfacelarão todas migalhas de pão...

Até quando?

Até quando debulharão todas as vagens?

Catarão todos os grãos e escolherão

um por um...

Até quando oprimirão mais um nômade?

Baterão em mais uma mulher

e vingarão suas frustrações em mais uma criança?

Até quando?

Até quando cerceiarão o fraco?

Encostarão na parede de fuzilamento

mais uma vez...

Até quando sacanearão a crença?

E farão em nome Dele a violência?

Até quando?

Até quando pisotearão o respeito?

Até quando massacrarão a dignidade?

Até quando envenenarão a humanidade?

Até quando?






O Capoeira




Olha o capoeira aí, ê...

Menino desce a cocorinha,

dança bonito na ginga.

Capricha no passo

despista,esquiva...

Joga a meia lua de compaço

Vira estrela,camarada

Joga miúdo , camarada

Mundo dá volta, camarada!
("mandei caiar meu sobrado...
mandei,mandei , mandei
mandei caiar de amarelo
caiei,caiei,caiei...")

terça-feira, 21 de abril de 2009

Outras Estradas

(Esta música,dedico ao meu filho)

A carruagem mais uma vez passou,
desta vez levando os restos puídos da veste da dama.
O modo como andara, não foi o qual escolheu fazer,
mas urgiu caminhar rapidamente
não olhando para trás.

Evidenciou sua pressa em livrar-se dos pés
enlameados pela chuva
porém as tintas que pintaram a fortaleza
secaram e racharam por tamanho fogo
do sol da rebeldia, sua marca de nascença.

Ela não é guerreira Una, não é princesa medieval
Não é donzela presa na torre do conto de fadas
Tampouco rainha do tabuleiro de xadrez.

Leva consigo na carruagem o legado da perseverança,
o juízo e a inteligência,presentes divinais
Na outra mão, seu filho.

Caminha com passos lentos agora
sem saber exatamente onde estes os levará.
Caminha perene, pois a terra onde pisa
só se ilumina por pequenos fachos luminosos
que sobrevoam seus pés.

Ainda passará por pedras pontiagudas
bifurcações e trevos de matagais.
Aves tagarelas ainda voarão ao seu lado...
Mesmo assim...
Vagarosamente e temendo,ela irá
e sentirá o vento em seu rosto
com notas de esperança.


Nessun Dorma


http://www.youtube.com/watch?v=wDa03_EHdJU&feature=channel
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Nessun dorma! Nessun dorma!

Tu pure, o, Principessa,

nella tua fredda stanza,

guardi le stelleche

tremano d'amoree di speranza.

Ma il mio mistero è chiuso in me,

il nome mio nessun saprà!

No, no, sulla tua bocca lo dirò

quando la luce splenderà!

Ed il mio bacio scioglierà

il silenzioche ti fa mia!


(Il nome suo nessun saprà!...e noi dovrem, ahime, morir!)

Dilegua, o notte!

Tramontate, stelle!Tramontate, stelle!

All'alba vincerò!vincerò, vincerò!

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Ninguém dormirá!Ninguém dormirá!
Nem mesmo você, ó Princesa,

Em seu quarto frio

Olhe as estrelasque tremulam com amor e esperança
Mas meu segredo está escondido em meu interior

E o meu nome ninguém saberá...Não!Não!
Em sua boca eu direi quando as luzes brilham

E o meu beijo dissolverá o silêncio que a faz minha...
(Ninguém saberá o nome dele, e nós precisaremos até morrer...)

Desapareça, ó noite!

Venham ,estrelas...Venham ,estrelas...

Desçam! Eu vencerei! Eu vencerei! Eu vencerei!

I Dreamed a Dream - Les Miserables

[Fantine is left alone, unemployed and destitute]
[FANTINE]
There was a time when men were kind
When their voices were soft
And their words inviting
There was a time when love was blind
And the world was a song
And the song was exciting
There was a time
Then it all went wrong
I dreamed a dream in time gone by
Cor do textoWhen hope was high
And life worth living
I dreamed that love would never die
I dreamed that God would be forgiving
Then I was young and unafraid
And dreams were made and used and wasted
There was no ransom to be paid
No song unsung, no wine untasted
But the tigers come at night
With their voices soft as thunder
As they tear your hope apart
And they turn your dream to shame
Cor do textoHe slept a summer by my side
He filled my days with endless wonder
He took my childhood in his stride
But Cor do textohe was gone when autumn came
And still I dream he'll come to me
That we will live the years together
But there are dreams that cannot be
And there are storms we cannot weather
I had a dream my life would be
So different from this hell I'm living
So different now from what it seemed
Now life has killed the dream I dreamed.

domingo, 19 de abril de 2009

Fernando Pessoa

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

quarta-feira, 8 de abril de 2009

BREU

Encontre-me desconhecido...
Onde o breu desses dias
seja iluminado por falsos satélites.
Encontre-me tempestade
com sua chuva cheia de odores
de frutos rasteiros e silvestres.
Toque esta sinfonia que já vem tarde
no ritmo hipnótico que transcenda
o atual descompasso vulcânico.
Venham os seculares serviçais
ornados de ventania e escuridão.
Tragam cálice de ouro e poção pagã
preparadas com risos do passado
e esperanças do amanhã

terça-feira, 7 de abril de 2009

Flâmulas Alvas


Fui buscar na lembrança
a voz de plumas brancas
vinda de ventos frescos
com cheiro de amor.
Flores de algodão me tocaram
caídas do céu como mensageiras
de uma nova percepção de vida
do caminho que há para se trilhar.
Não há mais como regressar
os dias que passaram nunca voltarão
e os últimos rumos tomados
só fizeram os cavalos empacar.
Quando os ohos se fecham
não há como lutar com as diferenças
não há como corrigir erros
ou mesmo erradicar distâncias.
As lágrimas perdem o sentido de existir
senão pelo que poderia ter sido.
Busco no meu interior somente uma palavra
e o exercício da validade que ela deve ter
nada mais, senão fazê-la existir em atitudes.
Não mais como meras letras juntas,
nem como sentimento de ruborizar ou aquecer.
Mas em gestos ternos que exteriorizem
tolerância, acolhimento, entendimento e inclusão.
Um mundo inteiro fica pra trás
conceitos,quereres, propósitos
nada mais tem tamanho valor.
Até mesmo o respeito emudece
pois vê que há algo maior que ele.
E que para toda a regra,
um dia chega a sua respectiva exceção.
Apenas o futuro, um pouco a cada dia
Juntar as pedras e reconstruir moradas,
não ter a vergonha de corrigir os erros
de convidar para o chá com biscoitos
de falar da vida, de dar flores
de sair para ver vitrines e comprar nada
de assistir filmes velhos na cama
e de chamar para conhecer o bebê.